Era uma vez um mundo em paz. As pessoas se amavam, se ajudavam e se cumprimentavam. A paz era rotina, o ódio existia, mas era pouco.
Então, os pais resolveram amar seus filhos com a maior intensidade possível. Lhes cedião todos os desejos, passavam a mão naquelas cabecinhas lindas, nunca chingavam se algo estivesse errado. O filho SEMPRE estava certo.
Naquele mundo, os policias não usavam armar. Para quê? Se todos se amam, para que carregar algo que, possivelmente, destrói vidas? Estas foram abolidas das mãos dos policiais. Dos policiais…
Passadas algumas gerações, algo começou a dar errado. As desigualdades sociais, anteriormente deixadas ao relento, começaram a se tornar muito grandes. Os pobres não queriam ser mais pobres. Algo ruim estava por acontecer. A bomba estava armada, só faltava o estopim. E ele aconteceu.
Quando a tensão estava no limite, e a camada de suporte estava por estourar, uma pessoa é morta, pelo polícia desarmada. A população de baixa renda, revoltada, revida contra toda a população de alta renda. Destrói lojas, casas, carros, tudo que marca a sustentação desse regime que tanto as reprimiu. A polícia, em vão tenta revidar.
Em vão, pois não tem armas. Seus escudos apenas os protegem. A população desce ao tempo das cavernas e ataca com o ambiente. Canos, pedras, paus, tudo que pode ser utilizado como arma, assim é usado. A polícia, impotente, apenas assiste a destruição. E a população se dá conta do seu poder.
Poder esse que parece ser insuperável. A onda de ataques se espalha e, o que era para ser apenas uma mobilização contra uma morte, acaba se tornado no maior e mais poderoso saque jamais visto. Ninguém respeita mais ninguém, a situação é tão destrutiva que os que não saem de casa se escondem, os que saem furtam.
Então, como uma última luz, alguém se rebela contra a rebelião. Usando somente coisas palpáveis e legais, ele cria uma máquina de destruição. Poderoso, indestrutível, impetuoso e de uma fúria sem precedentes, aquele armado sai as ruas, e faz, pela primeira vez desde o início das rebeliões, o sangue rolar.
Corpos e mais corpos caem no chão. O ar fúnebre enche os peitos daqueles que ainda tentam viver. A outra parcela da população, não a rica, nem a pobre, mas uma mistura de ambas, as pessoas de bem, notam que esse justiceiro está certo. Se não se luta, a coisa piora.
O clima de guerra aumenta, pessoas são mortas, umas pelas outras, como se fossem apenas criaturas de jogos virtuais. A polícia, com medo, se retira. A população trabalhadora revida com todas as energias e destrói aquela população tosca.
O que se vê é apenas destruição. Corpos, edifícios destruídos, carros em chamas. As pessoas olham umas para as outras, desesperadas, desiludidas. Então, notam novamente naquele justiceiro.
Lá estava ele, com uma pá na mão, tentando desatulhar o terreno. Olhando para seus admiradores, ele apenas diz “Parabéns! Destruímos as pedras! Agora, podemos começar a plantar!”
Aquele mundo começou a se reerguer, com uma pessoa ajudando a outra. Para evitar que aquele erro acontecesse novamente, o respeito começou a ser a palavra mestra de tal sociedade. As leis não eram necessárias, pois o bom senso era senso comum. Ninguém maltratava ninguém, a não ser que necessário, pois o mundo, agora sim era belo.
Qualquer coincidência é puramente intencional.